Escolas públicas bilíngues LIBRAS-Português em Santa Catarina: conheça um pouco sobre a iniciativa

Conheça o projeto estadual que oferta turmas bilíngues em tempo integral em três escolas da rede.

Por Ana Paula Flores

Originalmente disponível no site da Secretaria de Estado de Educação do Governo do Estado de Santa Catarina, em https://www.sed.sc.gov.br/secretaria/imprensa/noticias/31034-projeto-estadual-oferta-turmas-bilingues-em-tempo-integral-em-tres-escolas-da-rede 

Alunos surdos em aula em Joinville

O ano letivo de 2021 teve a implantação de turmas bilíngues em tempo integral em três unidades da rede estadual: EEB Profª Lea Maria Aguiar Lepper, de Joinville, EEF São José, de Guaramirim e EEB Marechal Bormann, de Chapecó. A iniciativa atende estudantes surdos do 1° ano do Ensino Fundamental, facilitando a apropriação dos conteúdos escolares na língua materna (Libras) e na modalidade escrita da Língua Portuguesa.

O diferencial do projeto é a construção de um ambiente linguístico que respeita os aspectos específicos da educação de estudantes com surdez, garantindo a presença do professor surdo em todo o processo de aprendizagem escolar, sem a necessidade de tradução ou adaptação. Para essa etapa inicial, nove professores foram contratados: três professores bilíngues (ouvintes e fluentes em Libras), três professores de Libras (surdos e fluentes em Libras) e três orientadores de convivência (ouvintes com fluência em Libras).

Aulas turmas bilíngues ChapecóNeste modelo, o professor de Libras possibilita aos estudantes surdos um conhecimento que vai ao encontro de experiências visuais. Junto ao professor bilíngue, há o desenvolvimento das competências para o aprendizado dos conteúdos curriculares e, consequentemente, da Língua Portuguesa na modalidade escrita.

“As turmas bilíngues representam um importante passo para aperfeiçoar o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos com surdez. A educação bilíngue garante o melhor aprendizado da Língua Brasileira de Sinais pelos estudantes, facilitando a compreensão dos demais conteúdos que são ensinados em sala de aula”, ressalta o secretário de Estado da Educação, Luiz Fernando Vampiro.

Para garantir o atendimento às especificidades do estudante surdo, a Secretaria de Estado da Educação (SED), em parceria com a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), ofertou em fevereiro uma formação on-line de 20 horas com o objetivo de qualificar todos os profissionais envolvidos no projeto, de acordo com as diretrizes da educação bilíngue.

A iniciativa começou em 2021 com turmas de primeiro ano em uma matriz curricular específica. A proposta é que, a partir de 2022, o atendimento seja ampliado para o 2º ano e assim sucessivamente até o 5º ano. A ideia é que o estudante chegue ao fim dos Anos Iniciais fluente em Libras e tenha se apropriado do português na modalidade escrita.

Organização das aulas

Os estudantes frequentam a escola em cinco manhãs e três tardes da semana. O período em que não há atendimento aos alunos é dedicado ao planejamento das atividades e elaboração de materiais didáticos.

Aluna surda em aulaA professora e intérprete Aliane Padilha dos Santos Ristow atua no Ensino Bilíngue da EEB Marechal Bormann, em Chapecó, e destaca o trabalho que está sendo realizado: “Com pouco mais de um mês de aulas, já conseguimos perceber um avanço significativo nos nossos alunos. O período integral é muito importante, pois trabalhamos o Português na modalidade escrita, mas o foco é a própria língua de sinais, que é a língua dos alunos surdos”.

Ela destaca ainda as possibilidades de troca entre o professor ouvinte e o profissional surdo, os dois ao mesmo tempo em sala de aula. “Há alguns momentos em que nos revezamos, mas sempre buscando manter a curiosidade da criança em todo o processo”.

Para orientar e monitorar as práticas pedagógicas cotidianas, o planejamento, as aulas de Educação Física, Arte e espaços de convivência (pátio, refeitório, biblioteca, ginásio, entre outros), há o apoio do Orientador de Convivência Bilíngue, que também está com o estudante no horário do almoço e integra educadores, pais, estudantes e comunidade escolar.

Neusa Maria Souza Boldt atua como Orientadora de Convivência na EEB Profª Lea Maria Aguiar Lepper, em Joinville, e afirma que estar na escola colaborando e levando a Libras para educadores, pais e estudantes é um marco: “Só quem acompanha os surdos sabe o sofrimento e as barreiras que passaram e passam. Este projeto de educação bilíngue encaminha essas crianças para um futuro muito diferente”.

Desenvolvimento da autonomia

Os estudos sobre desenvolvimento da educação bilíngue mostram a importância de adequar as unidades escolares para o desenvolvimento cognitivo, social e intelectual do aluno surdo dos primeiros anos do Ensino Fundamental.

Uma pesquisa da FCEE realizada na rede estadual entre 2009 e 2011 apontou que a atuação em tempo integral amplia as oportunidades de aprendizagem aos estudantes surdos: “Também qualifica o contato e interação com outros sujeitos surdos a fim de desenvolver competências mínimas para o aprendizado dos conteúdos curriculares e, consequentemente, a aquisição da língua portuguesa na modalidade escrita”, pontua o estudo.

Para a gerente de Gestão de Modalidades, Programas e Projetos Educacionais da SED, Beatris Clair Andrade, surdos que estudam em modelos de ensino bilíngues tendem a adquirir sua primeira língua mais precocemente: “Eles conseguem aprender melhor e mais rapidamente os conteúdos curriculares e o mundo que o rodeia, conseguindo se colocar de forma mais segura, desenvolvendo senso crítico e tendo uma participação social mais efetiva”, finaliza.

 

Contato das escolas:

Famílias interessadas em matricular crianças surdas nas turmas bilíngues podem entrar em contato com as escolas pelos e-mails abaixo:

EEF São José, Guaramirim: saojoseguar@sed.sc.gov.br

EEB Profª Lea Maria Aguiar Lepper, Joinville: seriedh23lmlepper@sed.sc.gov.br

EEB Marechal Bormann, Chapecó: marechalbormann@sed.sc.gov.br

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One thought on “Escolas públicas bilíngues LIBRAS-Português em Santa Catarina: conheça um pouco sobre a iniciativa

  1. Elisangela De Carvalho says:

    Fantástica essa iniciativa. Desejo que está didática belingue seja implantada também nos CEIS em toda rede escolar para que todas as crianças tenham acesso a inclusão.

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