Para especialista, benefícios em ser aluno de uma escola com dois idiomas não são garantidos
16 de setembro de 2013 – Thiago Mattos – Especial para o Estadão.edu
O bilinguismo sempre foi visto como vantajoso para o desenvolvimento das crianças?
Até a década de 1960, era tido como vilão. Achava-se que a criança tinha uma capacidade limitada e, por isso, seu aprendizado seria limitado. Mas as pesquisas que mostravam isso pegavam crianças em condições socioeconômicas e educacionais desprivilegiadas em relação ao grupo de monolíngues: eram principalmente filhos de imigrantes. Hoje, esses resultados não são mais confiáveis. Quando as variáveis entre os bilíngues e monolíngues foram controladas, e os testes consideravam crianças com as mesmas condições, o resultado inverso começou a aparecer e as crianças bilíngues passaram a ter vantagens.
O que é preciso para que a criança se beneficie dessas vantagens cognitivas?
Hoje, partimos do princípio de que o cérebro pode lidar com o bilinguismo na infância e se beneficiar disso. Mas é preciso que fique claro que as vantagens são possíveis, não garantidas. Primeiro, é preciso que a criança desenvolva proficiência em ambas as línguas. Além disso, os pais devem ficar atentos para que a criança, ao adquirir o segundo idioma, não perca o primeiro. Para isso, as línguas não devem ser hierarquizadas, mas valorizadas. É importante que exista um sentido para a criança e para a família. A opção pela educação bilíngue, seja na escola ou em casa, tem de estar dentro de um contexto maior, em que os valores do idioma e os culturais sejam compatíveis com o resto da vida da família.