FÁBIO TAKAHASHI
FOLHA DE SÃO PAULO – 26/07/2012
Boa parte dos melhores universitários brasileiros tem inglês precário e, por isso, teme disputar bolsas de estudo em instituições de ponta dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Currículo prejudica ensino de inglês, dizem escolas
O problema é tão grande que o governo decidiu criar um teste nacional de inglês para até 100 mil universitários e cursos de reforço no idioma aos que necessitarem.
A deficiência foi verificada na seleção de universitários a serem financiados no exterior pela União no programa Ciência Sem Fronteiras.
No processo deste ano, as universidades portuguesas e espanholas foram as que mais atraíram candidatos, à frente das escolas dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Portugal não tem nenhuma instituição entre as 200 melhores do mundo no ranking Times Higher Education, um dos mais importantes na área. A Espanha possui uma, ante 75 dos Estados Unidos e 32 do Reino Unido.
“Há boas universidades nesses centros [Portugal e Espanha], mas detectamos que muitos alunos nossos de excelente nível procuram essas alternativas porque têm dificuldade com o inglês”, disse à Folha o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Além dos locais que falam inglês, o idioma também é usado em cursos de países como Holanda, Bélgica e China.
O bolsista deve estar entre os com melhores notas no Enem (exame do ensino médio) e comprovar conhecimento da língua estrangeira.
“O inglês no Brasil precisa ser muito aprimorado”, disse o diretor de exames do British Council no país, Cláudio Anjos. “Com o vestibular, as escolas se preocupem apenas com ensinar a ler, não a escrever, escutar e falar.”
INTENSIVO
Para tentar atenuar a deficiência, a União lançará nas próximas semanas o programa Inglês Sem Fronteiras.
Será aplicada uma prova neste semestre, em data a ser definida, nos moldes dos exames internacionais Toefl e Ielts -com a ajuda dos organizadores desses testes.
Poderão participar os cerca de 100 mil melhores universitários que fizeram o Enem (o último exame teve 4 milhões de participantes).
Eles são potenciais candidatos a uma das 101 mil bolsas para o exterior, a serem concedidas até 2015.
Após o teste, os universitários serão classificados nos níveis A1, A2, B1, B2 e C. Os que ficarem nos patamares intermediários B1 e B2 poderão fazer curso gratuito intensivo de inglês, de seis meses, em universidades federais.
A ideia é que esses estudantes estejam preparados para os exames de proficiência e possam aproveitar melhor a estada no exterior.