Fluência, proficiência, exames de Inglês e algumas dicas

No ano passado tive o prazer de participar da construção de um livro sobre o ensino de Inglês para adultos. Organizado por Carol Olival em parceria com o Braz-Tesol, e contando com a contribuição de profissionais experientes no ensino de línguas, o livro foi lançado na Livraria Cultura em dezembro. Anunciamos o lançamento aqui no EBB.

Relendo o capítulo sobre fluência que escrevi, achei que algumas questões podem ser do interesse dos leitores do blog, e por isso resolvi colocá-lo abaixo. Boa leitura!

O que é fluência?

Selma Moura

(Capítulo 3 do livro “Ensinando Inglês para executivos brasileiros, organizado por Carol Olival)

Um dos objetivos pretendidos pelos executivos é desenvolver a capacidade de se expressarem corretamente no ambiente de negócios utilizando o idioma que estão aprendendo. Há vários recursos que podem ser empregados para melhorar a fluência e os mecanismos internacionais existentes contribuem para regulamentar o conhecimento adquirido por meio de testes e certificações.

Aprender um idioma é um empreendimento para a vida toda. Seja qual for o ponto em que o interessado esteja na aprendizagem de um segundo idioma – iniciante, intermediário ou avançado – já deve ter percebido a imensidão de sua própria língua e como não há ninguém que a domine completamente, até porque a linguagem sofre mudanças todos os dias, recebe influências de outros idiomas, incorpora novas palavras, deixa de usar outras, e assim por diante. Essa dinâmica faz parte de qualquer relação humana, já que todos nós nos apropriamos da linguagem e a transformamos durante o uso.

Neste capítulo falaremos sobre o que é fluência e daremos algumas sugestões sobre como ampliá-la, além de diferenciá-la de outros dois termos – proficiência e acuidade, com os quais normalmente é confundida.

Embora a aprendizagem de um idioma se desenvolva sempre de forma integrada, para fins didáticos dividimos o ensino em quatro habilidades, agrupadas em dois pares denominados “habilidades receptivas” e “habilidades produtivas”, como mostra a tabela:

  Oralidade Escrita
Habilidades Receptivas Listening – Compreensão Oral Reading – Leitura
Habilidades Produtivas Speaking – Comunicação Writing – Escrita

Sabemos que a classificação das habilidades como receptivas ou produtivas não é a mais adequada, pois há muita atividade cognitiva envolvida o tempo todo nas quatro modalidades. Aprender uma língua não envolve passividade do ponto de vista do aprendiz, na medida em que este a recebe, reelabora, lhe confere significados e, ao mesmo tempo,  a relaciona às suas experiências pessoais,  a compara com sua primeira língua, entre outros aspectos. Mas esta terminologia dá uma ideia aproximada da organização do ensino de línguas e da própria concepção das avaliações que comprovam a aprendizagem.

No processo de aprendizagem de uma língua as quatro habilidades são alimentadas e desenvolvidas e o estudante, progressivamente, ganha mais segurança e competência para compreender, falar, ler e escrever aquilo que aprende. A fluência está relacionada a todas essas habilidades. Podemos pensar em um leitor fluente, ou em um falante fluente, ou mesmo dizer que alguém tem um texto bem fluído. Assim, vemos que a fluência é algo complexo e relacionado às diversas habilidades de uso da língua.

O que significa ser fluente em uma língua

A fluência se apresenta nas quatro habilidades descritas e abrange um amplo aspecto de domínios da língua, tais como a compreensão da mensagem, resposta adequada à situação, uso do vocabulário, respeito às convenções, expressividade, entonação,  pronúncia. Envolve também várias dimensões cognitivas: percepção, raciocínio, análise, memória e criatividade. Podemos dizer que fluência é a prática do idioma. É a capacidade de usar a linguagem com naturalidade, sem esforço, interagindo com o outro por meio dela e comunicando o que se deseja com eficiência.

É evidente que a pessoa tem  fluência na sua primeira língua e a utiliza com propriedade, de forma até inconsciente, sendo capaz de perceber e produzir até mesmo elementos mais sofisticados do discurso, como ironia, humor, sarcasmo, e lançando mão de suas experiências culturais ao usar provérbios e ditos populares, ao contar piadas, ao fazer trocadilhos. A familiaridade que se tem com a primeira língua, aprendida desde criança, em situações naturais de uso, preparou essa pessoa para ter grande fluência tanto para ouvir, compreender e se comunicar, quanto para ler e escrever.

Comparando o aprendizado de uma língua estrangeira com a primeira língua, muitos estudiosos perceberam que apenas ensinar gramática e tradução não era suficiente para formar falantes fluentes de um segundo idioma, e as pesquisas realizadas sobre aquisição e aprendizado deram origem à Abordagem Comunicativa, baseada na forma como a primeira língua é aprendida. Esperava-se, com essa mudança de perspectiva, que o aprendizado fosse mais intuitivo e semelhante ao que ocorre na aquisição da primeira língua, tornando os alunos mais fluentes e seguros na comunicação.

Nas salas de aula essa abordagem se efetivou em situações de diálogo, dramatização, trabalhos em duplas ou em grupos, uso de vídeos, músicas e outros objetos culturais reais, etc. As aulas passaram a ser ministradas na língua que deveria ser aprendida, mesmo que os alunos ainda não a compreendessem completamente, para emular a forma de aquisição da primeira língua e maximizar o tempo de exposição dos alunos a esse novo idioma. Procurou-se criar um ambiente mais amigável e sociável para os alunos, diminuindo a rigidez do ensino, que passou a ser encarado como construção conjunta de conhecimentos e não mais como mera transmissão de conteúdos. Nesse processo, o professor se coloca como um parceiro, que apoia e incentiva os avanços dos alunos, que corrige indiretamente os equívocos, os quais são vistos como parte do processo e não como erros a serem evitados. Os alunos se comprometem mais com seu aprendizado, relacionando-o à sua vida prática e buscam expandir esse aprendizado também fora da escola.

Esse contexto de mudanças propiciou a criação de muitos programas de imersão, nos quais os alunos são colocados em situações reais de uso da língua e levados a se comunicarem apenas, ou majoritariamente, na segunda língua. Com essas ações espera-se desenvolver a fluência dos alunos, ampliando seu vocabulário, sua consciência e habilidades linguísticas ao mesmo tempo em que se diminui a ansiedade e se fortalece sua autoestima e a confiança em suas capacidades.

Os programas de imersão pelo mundo todo foram muito bem sucedidos e a abordagem comunicativa, na qual eles se baseiam, alcançou sucesso por sua eficiência em desenvolver a fluência na segunda língua. De fato, até hoje muitos cursos lançam mão desta abordagem e de várias técnicas e métodos dela decorrentes, dando aos alunos oportunidades de aprender de forma mais prazerosa, contextualizada e significativa.

Estudos recentes sobre o ensino e aprendizagem de línguas apontam para a eficiência da Abordagem Comunicativa, bem como seus limites na promoção de acuidade (accuracy). Em geral, o aluno exposto a situações naturais de uso da língua amplia seu vocabulário, apropria-se de estruturas linguísticas, compreende e participa de conversas, lê e infere sentidos em textos, e escreve com certa facilidade. Porém sabe-se, hoje, que o domínio da língua precisa ser alvo de instrução explícita para que esta seja analisada, compreendida e conscientemente aprendida pelo aluno, aproximando-se de um uso mais formal e padronizado.

Uma das questões que mais preocupa os estudantes de línguas tem a ver com a pronúncia correta e o papel do sotaque ao falar. Sabemos que todos nós temos sotaques, inclusive em nossa própria língua, e que não é correto discriminar ou ter preconceito com relação a isso. Atualmente, com o crescimento de algumas línguas francas, como inglês, espanhol, mandarim e árabe, é natural que os sotaques se diferenciem muito entre originários de vários países e regiões do mundo, o que não compromete a compreensão nem a imagem que se deseja transmitir, desde que a comunicação seja feita com clareza, correção e eficiência.

Hoje o inglês é falado em dezenas de países e tornou-se a língua franca mais usada nas comunicações, principalmente na internet. Não faz mais sentido pensarmos se nossa pronúncia é britânica ou americana quando há mais falantes de inglês fora desses países. Atualmente falamos em “world englishes”, inglês(es) do mundo. Portanto, o sotaque, ou “accent” que a pessoa terá será muito menos importante do que sua clareza ao se comunicar.

A pronúncia correta é um dos elementos essenciais dessa clareza. Alguns sons são muito próximos uns dos outros e, se pronunciados incorretamente, podem causar confusão na comunicação. Por isso, aprender a pronúncia correta nas línguas estudadas deve estar entre os objetivos. Atividades de percepção fonética e pronúncia devem ser também contempladas para melhorar a fluência e a comunicação.

Conforme as capacidades linguísticas se ampliam e o conhecimento se aprofunda, o estudante se expressa de forma mais clara, exata e precisa, o que envolve acuidade, ou seja, um domínio mais sofisticado da língua. A correção na escrita, a fluência e a compreensão na leitura, a diversificação do vocabulário, a pronúncia correta, o conhecimento das sutilezas da língua, expressões idiomáticas, gírias e trocadilhos somam-se ao repertório mais próximo do utilizado no cotidiano e, assim, o domínio da língua evolui. Dessa maneira são realizadas ações mais complexas e, além da fluência, a pessoa pode ter proficiência e acuidade, tornando-se um usuário mais competente do idioma aprendido, sendo capaz de utilizá-lo de forma mais criativa e complexa. Assim, o processo de aprendizado evolui e apresenta novos desafios.

As rápidas e profundas mudanças que marcaram os últimos anos, como o avanço das tecnologias de comunicação e de informação e a globalização estão marcando profundamente todas as esferas de nossa vida, incluindo o ensino em geral e o ensino de línguas especificamente. O modo como produzimos e fazemos circular conhecimento foi profundamente transformado. A quantidade e variedade das informações, e a atualização constante, é maior do que nunca. Saber transitar nessa sociedade mais complexa e fluida, selecionando informações e transformando conhecimentos em competências é fundamental para ser bem-sucedido.

O ensino e a aprendizagem podem ocorrer, e realmente ocorrem, em todos os lugares, e a formação nunca está completa, pois a dinâmica das mudanças requer profissionais atualizados, flexíveis e proaativos. Por isso, uma das questões mais presentes no cenário educacional é a metacognição, ou seja, a capacidade de aprender a aprender. Habilidades cognitivas, tais como: perceber, comparar, analisar, sintetizar, inferir, refletir, criticar, criar, entre outras, são cada vez mais importantes para agir em uma realidade dinâmica, mutável, imprevisível e múltipla.

Neste cenário, os avanços mais recentes no ensino de línguas incorporam estratégias de aprendizagem, idiomas e conteúdos para promover aprendizagens mais amplas e profundas, bem como para atender interesses, necessidades e características pessoais de alunos. O foco recai não só sobre a língua, mas também sobre estratégias cognitivas. A educação incorpora a metacognição, a análise crítica e a reflexão metalinguística entre suas preocupações. Os professores procuram expandir suas estratégias didáticas, atendendo aos diversos estilos de aprendizagem e ensinando aos alunos estratégias para estudar, se organizar e gerir sua vida acadêmica.

Espera-se que o aluno seja não apenas fluente, mas também proficiente em suas línguas, e que tenha um domínio progressivamente mais sofisticado, preciso e acurado da linguagem. Por isso, falaremos agora sobre a importância da proficiência na vida profissional.

O que é proficiência ?

Proficiência é um termo geralmente relacionado à comprovação do conhecimento de línguas por meio de testes padronizados, aceitos internacionalmente, que medem em qual nível o aluno se encontra em relação a uma escala pré-estabelecida de conhecimentos possíveis. Há muitos tipos de testes, voltados a objetivos específicos, e os interessados podem buscar orientações sobre o teste mais adequado aos seus objetivos com  professores ou nas próprias instituições aplicadoras.

Os testes são construídos de modo a testar as habilidades linguísticas – listening, speaking, reading e writing – e componentes linguísticos, como vocabulário, gramática, pronúncia, ortografia, etc. Atualmente a maior parte dos testes internacionais segue a classificação dos níveis de conhecimento de língua proposta pelo Common European Framework (Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas). Confira os níveis e a descrição das expectativas no quadro:

Síntese das habilidades gerais por níveis no Common European Framework Adaptado da ALTE (Association of Language Testers in Europe), em ordem crescente
Níveis Listening (Compreensão Oral) e Speaking (Expressão Oral) Reading (Compreensão Escrita) Writing (Expressão escrita)
A1 Consegue compreender instruções básicas ou participar de conversas elementares sobre um assunto previsto. Consegue compreender avisos, instruções e informações básicas. Consegue completar formulários básicos e escrever anotações que incluam datas, horários e locais.
A2 Consegue expressar opiniões ou requisições simples em contextos que lhe sejam familiares. Consegue compreender informações diretas em áreas conhecidas, como em produtos e avisos, bem como livros-texto ou relatórios sobre temas familiares. Consegue completar formulários e escrever cartas curtas e simples ou postais relacionados a informações pessoais.
B1 Consegue expressar opiniões sobre assuntos abstratos ou culturais de forma limitada ou opinar sobre áreas conhecidas, bem como entender instruções ou anúncios públicos. Consegue compreender informações rotineiras e artigos, e o sentido geral de informações não-rotineiras sobre temas conhecidos. Consegue escrever cartas ou tomar notas em temas conhecidos ou previsíveis.
B2 Consegue seguir ou apresentar palestras sobre temas que lhe são familiares ou manter uma conversa cobrindo uma variedade de assuntos. Consegue analisar textos em busca de informações relevantes e compreender instruções ou avisos detalhados. Consegue tomar notas enquanto alguém fala ou escrever uma carta incluindo solicitações fora de padrões habituais.
C1 Consegue contribuir efetivamente em reuniões e seminários em sua própria área de atuação profissional e manter uma conversa casual com um bom grau de fluência, acompanhando expressões abstratas. Consegue ler com suficiente rapidez para acompanhar um curso acadêmico, para ler e se informar em mídias impressas e compreender correspondências fora de padrões habituais. Consegue preparar e rascunhar correspondência profissional, tomar notas razoavelmente precisas em reuniões ou escrever um ensaio mostrando habilidade de comunicação.
C2 Consegue falar e argumentar sobre questões complexas ou sensíveis, compreendendo referências coloquiais e tratando com confiança questões hostis. Consegue compreender documentos, correspondências e relatórios, incluindo aspectos mais sofisticados de textos complexos. Consegue escrever cartas sobre qualquer assunto e anotações completas em reuniões ou seminários com boa expressão e precisão.

Os níveis A são compreendidos como usuários iniciantes da língua; os níveis B, como usuários independentes; e os níveis C, como usuários proficientes.

Como se pode perceber, esta escala de conhecimentos organiza de modo muito resumido as principais capacidades do uso da língua em situações diárias. É provável que durante a leitura destes níveis o leitor se identifique com alguns deles e perceba o que ainda tem pela frente em termos de conhecimento de línguas. É importante observar que esta escala não cobre todos os usos da língua, mas contempla aqueles que são mais utilitários e funcionais para as situações cotidianas de uso, sobretudo no mundo do trabalho. Isso indica que é possível expandir ainda mais o conhecimento das línguas a tal ponto de aproximar o aluno de estilos, gêneros e usos ainda mais precisos e sofisticados. Voltamos a perceber que aprender línguas é um objetivo contínuo de auto-aperfeiçoamento que transcende a esfera linguística e contribui com seu desenvolvimento como um todo.

Em algumas situações profissionais ou acadêmicas o estudante, provavelmente, terá a necessidade de demonstrar sua proficiência nas línguas que conhece, o que implica na realização de exames que as certifiquem. Como vemos, esta proficiência tem vários níveis e é preciso que o aluno saiba de antemão qual o nível exigido para seu objetivo, preparando-se para alcançá-lo e comprová-lo.

Se, por exemplo, uma pessoa deseja cursar um MBA (Master in Business Administration) em outro país, é preciso que saiba qual a exigência para matrícula no curso. As universidades costumam informar em seus sites os pré-requisitos de admissão, inclusive com os exames requeridos.

Em seleção para cargos executivos é possível que a proficiência comprovada em línguas seja, senão uma exigência, certamente um diferencial no processo seletivo. Há exames específicos para a área de negócios que podem ser bem vistos no mercado de trabalho.

Como há muitos exames de proficiência, resumimos as principais modalidades para apresentar ideias de onde começar. Recomenda-se, novamente, consultar professores, os centros aplicadores e as instituições nas quais o aluno pretende entrar para selecionar a certificação mais adequada para seu caso.

BEC – Business English Certificate, aplicado pelo Cambridge ESOL: organizado em três níveis relacionados ao Common European Framework: Preliminary (nível B1), Vantage (B2) e Higher (C1).

BULATS – Business Language Testing Service: disponível em inglês, francês, alemão e espanhol, é um exame desenvolvido de forma conjunta pelo Goethe Institute, a Aliança Francesa, a Universidade de Salamanca e a Cambridge ESOL.

ILEC – International Legal English Certificate: voltado à área do direito e assuntos internacionais, administrado pela Cambridge ESOL. Os resultados se alinham com os níveis B2 e C1 do Common European Framework.

ICFE – International Certificate in Financial English: voltado aos profissionais das áreas contábeis, também alinhado aos níveis B2 e C1 do Common European Framework.

IELTS – English for International Opportunity: este exame é dividido em dois módulos – o geral e o acadêmico. O primeiro é voltado a imigrantes ou alunos de cursos não universitários, e o segundo a candidatos a universidades no exterior. Os resultados são expressos em notas de 0 a 9, sendo de 6 a 7 a nota mínima exigida pela maioria das universidades.

MTELP – Michigan Test of English Language Proficiency: sob responsabilidade da Universidade de Michigan, mede habilidades acadêmicas ou conhecimento avançado de língua para negócios.

CAE – Certificate in Advanced English (nível C1) e CPE – Certificate of Proficiency in English (nível C2): certificados de conhecimentos gerais de inglês sob responsabilidade da Cambridge ESOL.

TOEFL Test of English as a Foreign Language: aceito por universidades americanas e canadenses, mede as habilidades de comunicação e compreensão da língua para fins acadêmicos. É administrado pelo Educational Testing Service, de New Jersey-EUA.

CELPE-Bras – Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros: desenvolvido pelo Ministério da Educação do Brasil e exigido para matrícula em universidades brasileiras e validação de diplomas de profissionais estrangeiros que pretendem trabalhar no Brasil.

DELE – Diploma de Espanhol como Língua Estrangeira: sob responsabilidade do Instituto Cervantes no Brasil, alinha-se aos níveis do Common European Framework.

DELF – Diplôme d’Études en Langue Française: é composto de 5 níveis, sendo o exame mais comumente aceito pelas autoridades educacionais francesas.

Estes são alguns exemplos de certificações internacionais, mas há várias outras, dependendo do idioma, do objetivo do estudante e suas necessidades. Além de conhecer as expectativas de conhecimento linguístico dos testes que o interessado deseja fazer é aconselhável também avaliar o tipo de estrutura desses exames e aprender estratégias de resolução de questões, seja por meio de cursos preparatórios ou de estudos independentes com manuais e simulados.

Os exames internacionais de proficiência podem servir não apenas para certificar e comprovar o conhecimento que uma pessoa tem de determinada língua, mas também para motivá-la a traçar metas e superar desafios. A conquista dessas certificações pode ser um incentivo para continuar aperfeiçoando conhecimentos da língua e para reconhecer avanços nesse sentido.

Como desenvolver fluência e proficiência em línguas

Não há linha de chegada para o conhecimento, daí a importância da educação continuada. E em se tratando do aprendizado de novas línguas é preciso não só assimilação de conteúdos, regras e estruturas, mas também a experiência do uso do idioma – em sua forma oral ou escrita. Nesse sentido é fundamental aumentar, tanto quanto possível, as oportunidades de contato dos alunos com situações reais de uso da língua para que estes possam desenvolver a fluência. Tanto nos cursos de línguas, quanto nos estudos independentes, os alunos se beneficiam de atividades em que seu repertório linguístico é constantemente alimentado.

Relacionamos alguns exemplos de situações para alimentação do repertório linguístico e dos respectivos benefícios que podem proporcionar à experiência dos alunos. São boas sugestões para o desenvolvimento da fluência nos idiomas:

  • Ouvir músicas na segunda língua: além de ser uma atividade prazerosa, relacionada ao lazer e à diversão, ouvir (e cantar) canções permite desenvolver a percepção fonética, distinguir sons, perceber e exercitar pronúncias. Também é uma boa maneira de ampliar o vocabulário. Quando uma palavra “some” da lembrança, o aluno pode procurar uma música em que esta é mencionada. Ao acompanhar a letra da música por escrito, também é possível perceber a relação entre a ortografia e a fonologia, com impactos positivos na escrita e na pronúncia;
  • Assistir a filmes, séries, documentários e outros programas na segunda língua: outra atividade relacionada ao lazer, mas que pode render bons frutos no aprendizado de línguas. No início pode-se deixar o áudio na segunda língua com a legenda na primeira, mas tentando prestar atenção ao que é dito e como é dito. O aluno também pode anotar palavras e expressões, repetí-las para memorizar e tentar incorporá-las na sua fala. Gradualmente, pode-se tentar passar a legenda para a segunda língua e, mais adiante,  tentar assistir ao filme sem a legenda, prestando atenção apenas ao áudio. Uma dica é assistir a filmes já conhecidos. Com isso é possível prestar  menos atenção à história e mais às estruturas linguísticas. Assistir a bons filmes também amplia o repertório cultural e propicia o aprendizado de um vocabulário mais amplo, atualizado e presente no dia a dia;
  • Ler: há inúmeras razões pelas quais a leitura é tão importante e, sem dúvida, o aprendizado da língua é mais uma. Sejam jornais, livros, sites ou outros materiais, ler amplia e atualiza o conhecimento do idioma em sua estrutura e vocabulário, ajuda a memorizar a forma escrita das palavras e organiza o pensamento conceitual sobre temas diversos na segunda língua. No mundo corporativo, ler periódicos, jornais da área e sites especializados aproxima o aluno do repertório que  precisará usar em seu dia a dia profissional, desenvolvendo o conhecimento da língua e de conteúdos;
  • Participar de comunidades virtuais: redes sociais, fóruns, blogs e podcasts relacionados à área de atuação profissional do aluno são ótimas maneiras de ficar atualizado com o que ocorre no mundo dos negócios e ainda desenvolver e ampliar o conhecimento sobre a língua, integrando múltiplas mídias que aliam som, vídeo, texto e movimento na comunicação. O vocabulário específico do mundo dos negócios pode ser aprendido em situações de uso nessas redes, de forma completamente contextualizada e interessante. Estabelecer contatos valiosos com pessoas de todo o mundo é uma motivação extra para utilizar estas redes, ampliando o conhecimento da língua e da carreira e conhecendo os avanços internacionais;
  • Participar de atividades sociais usando a segunda língua: combinar encontros específicos para treinar a língua com amigos estudantes pode ser uma boa ideia. Uma viagem, um barzinho ou outras situações de interação social informais são mais oportunidades de usar a língua de forma contextualizada e divertida. Há alguns restaurantes que atendem os clientes em outras línguas, basta o interessado se informar e combinar com os amigos;
  • Simular situações reais com o professor: para aprender como a língua pode ser usada em situações específicas, como por exemplo, falar ao telefone, fazer compras, orientar-se em um aeroporto, participar de entrevistas, etc, alunos e professores podem simular essas situações para praticar os conhecimentos construídos. Outra opção é gravar ou filmar essas simulações que servirão para analisar pontos fracos e fortes do aluno. Essa pode ser uma boa forma de progredir na expressão oral;
  • Espalhar notas com novas palavras nos locais que o aluno frequenta: quando o estudante encontrar novas palavras que deseja incorporar ao seu vocabulário, ou cuja ortografia precisa memorizar, um bom recurso é escrever essa palavra em notas visíveis nos lugares que costuma frequentar. Assim, ele passa a utilizar sua memória visual, fixando as palavras mais facilmente;
  • Escrever na segunda língua: ter colegas de escrita, denominados pen-pals (“parceiros de caneta”, para comunicar-se por carta) ou e-pals (“parceiros eletrônicos”, para se comunicar pela internet). Corresponder-se com estudantes de línguas que moram em outros países é outra forma descontraída para exercitar e aperfeiçoar a escrita. Essa prática também pode ser uma opção de lazer e de descontração para fazer amigos e aprender mais;
  • Viajar: quem já tem um certo domínio da segunda língua pode se beneficiar muito em viagens, desde que fique, de fato, em contato com pessoas que falam aquele idioma. Hoje há intercâmbios temáticos que atendem objetivos linguísticos específicos: línguas para negócios, para estudos acadêmicos, para apresentações em congressos, para hobbies. O mais importante nessas viagens é vivenciar situações que possibilitem desenvolver um repertório específico e planejar com cuidado. O benefício das trocas culturais também permite ampliar a visão de mundo e a flexibilidade. Os contatos profissionais são mais um motivo para que o estudante não deixe de incluir viagens de estudo em seu planejamento;
  • Não ter medo de errar: uma das razões pelas quais crianças em geral aprendem línguas com muita facilidade é a ausência de autocrítica e de medo de errar. É preciso reconhecer que erros são comuns em qualquer processo de aprendizagem e devem ser vistos como um diagnóstico de onde devemos investir e melhorar. Embora seja difícil para adultos arriscarem-se a usar a língua sem ter certeza de sua correção, a ousadia e a coragem são essenciais para avançar, já que, como vimos, fluência tem a ver com experiência com a língua, que depende do contato e do uso. Portanto, ousar e não ter medo de errar é essencial para aprender

Motivação, disciplina e perseverança são atitudes essenciais no aprendizado de línguas, como em todas as áreas da vida. Os alunos precisam perceber seu poder e sua capacidade de traçar os próprios desafios, controlar a ansiedade, administrar desejos, temores, bloqueios e expectativas. Eles devem assumir o papel de desenharem, para si mesmos, planos de estudo e de vida que lhes permitam aprender línguas, ampliar seu repertório cultural, evoluir profissionalmente e como pessoas. O importante é que as línguas estejam presentes no dia a dia  do estudante de modo sistemático, porém agradável, para que a experiência de aprender, superar desafios e tornar-se cada vez mais proficiente traga orgulho e realização. Dessa forma, ampliarão a experiência com a língua, tornando-se mais fluentes e conquistando a desejada proficiência.

Para quem quiser ler o livro todo, ele está disponível gratuitamente em pdf aqui ou aqui: Ensinando_Ingles_excutivos brasileiros

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3 thoughts on “Fluência, proficiência, exames de Inglês e algumas dicas

  1. Ricardo Tedesco says:

    O mínimo que eu tenho a dizer é parabéns! Nunca vi alguém explicar tão bem o que são os exames internacionais e como é feita a qualificação do marco comum europeu. Eu estou muito interessado em fazer graduação sanduiche, mas ainda não me sinto preparado para comprovar a minha proeficiência no inglês. Me foi sugerido escolher a cultura inglesa (http://www.culturainglesa.net/wps/portal/cursos_de_ingles), mas eu queria uma opinião de especilista, devo optar realmente por essa escola?

    Grande abraço!

    • Selma Moura says:

      Muito obrigada, Ricardo, fico feliz por você ter gostado.
      Tenho excelentes referências da Cultura Inglesa, uma sobrinha que foi aluna e vários amigos que são professores. A aprendizagem de uma língua depende de vários fatores, parte dos quais está nas mãos da escola, e outra parte em suas mãos. Mas eu recomendaria o curso da Cultura Inglesa sem problemas.
      Boa sorte e bons estudos!
      Selma

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