Divulgando: Dissertação de Mestrado de Bianca Garcia: “Quando mais cedo melhor (?) Uma análise discursiva do ensino de Inglês para crianças”

Tenho o prazer de compartilhar com os leitores do EBB os resultados da pesquisa de mestrado da amiga e colega Bianca Garcia, que investiga os discursos sobre o ensino de Inglês para crianças. Defendida na Universidade de São Paulo, a dissertação é muito bem vinda e contribui com a produção e divulgação de conhecimento sobre esta área que é tão nova.

Veja o resumo para dar um gostinho:

Atualmente, é notável a expansão do oferecimento de aulas de inglês para crianças pequenas no Brasil. As modalidades disponíveis no mercado são variadas e os pais que se interessam por elas podem optar por cursos específicos de língua estrangeira, escolas internacionais, bilíngues, ou até mesmo escolas regulares que ofereçam aulas de inglês incluídas em suas grades curriculares. De qualquer maneira, todas elas são acessíveis quase que exclusivamente por meio do ensino privado. Ancorados nos pressupostos da Análise do Discurso desenvolvidos na França (Pêcheux, 1975), e no Brasil (Orlandi, 2001; Coracini, 1998),analisamos as representações de criança, língua estrangeira e ensino de língua estrangeira presentes nos dizeres da legislação brasileira, da mídia (reportagens e sites institucionais) e de coordenadoras da área, buscando compreender de que forma as justificativas da inclusão desse componente curricular se materializam e com quais sentidos se relacionam. Esta análise nos permitiu depreender certas regularidades nos sentidos: em primeiro lugar, as representações de criança veiculam duas perspectivas dominantes: a de um ser passivo, que aprende rápido por não realizar processos mentais complexos e uma outra relacionada à ideia de um trabalhador em potencial. Em segundo lugar, quanto às representações de ensino de LE, há dizeres que referem o processo de aprendizagem como absorção, ou, então, modelagem de comportamentos. As representações de LE, por sua vez, remetem majoritariamente a um sentido de garantia de sucesso da vida profissional. Finalmente, pudemos concluir que a prática do ensino de inglês para crianças emerge de uma cadeia discursiva cujos sentidos estão maciçamente alinhados com os dizeres do mercado neoliberal. A análise das justificativas pedagógicas do ensino de inglês para crianças tornou-se, uma análise das projeções da criança no mercado de trabalho e da naturalização da lógica capitalista para a formação e preparação das crianças de elite. Assim, parece que o mais cedo do aprendizado linguístico coincide com o mais cedo da aceitação das práticas do mercado na educação e também da euforização da produtividade, excluindo, até da mais precoce infância, o acesso ao ócio ou a não-obrigatoriedade da produção.

O texto na íntegra está disponível na biblioteca de Teses da USP. Para fazer download do pdf, clique aqui.

Parabéns para a Bianca e boa leitura para vocês!

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