A leitura deve ser obrigatória?

Os professores devem fazer provas sobre os livros lidos?
Essas e outras questões sobre leitura poderão ser melhor respondidas após a leitura do livro “Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário”, de Délia Lerner. Segue um “aperitivo” para a leitura.
Condições Gerais a serem garantidas nas situações em que o professor lê para os alunos[1]
In: Referenciais para a Formação de Professores – MEC/1999. Texto adaptado a partir de idéias da pesquisadora argentina Délia Lerner.
Para que o professor possa ler para os alunos, buscando ser fiel às condições em que a leitura é feita para outras pessoas em situações reais da vida fora da escola, é importante que:
• Explicite sempre os motivos pelos quais deseja compartilhar a leitura com eles: porque o texto trata de uma questão interessante, porque conta uma linda história, porque é atual, porque está relacionado com um tema que se está trabalhando, porque está bem escrito, porque é original, porque é divertido, porque é surpreendente, porque ajudará a classe a resolver um problema ou uma questão com a qual esteja envolvida.
• Demonstre que a qualidade do texto é o que motivou a sua escolha, como algo que vale a pena ser lido porque é interessante, instigante, intrigante ou emocionante…
• Em se tratando de textos literários, evite escolher aqueles em que “o didático” – a intenção de transmitir um ensino moral, por exemplo – supere a qualidade literária, em que o texto é utilizado principalmente como um pretexto para ensinar algum conteúdo escolar.
• Em se tratando de textos informativos, evite escolher textos com informações banalizadas, incompletas, distorcidas, simplificadas, supostamente escritos para um público infantil.
• Compartilhe com os alunos seu próprio comportamento de leitor experiente, mostrando-se interessado, surpreso, emocionado ou entusiasmado com o texto escolhido – relendo, sempre que valha a pena ou seja necessário, certos trechos, como a passagem mais surpreendente da história, a parte mais complexa do texto, a questão central da notícia, entre outras possibilidades.
• Opine sobre o que leu, coloque seus pontos de vista aos alunos e convide-os sempre a fazer o mesmo – quer dizer, aja como qualquer leitor “de verdade”.
• Ajude os alunos a descobrir o significado do texto a partir do contexto, em vez de ficar explicando a toda hora as palavras que considera difíceis.
• Ofereça elementos contextuais que outorgam sentido à leitura e favorecem a antecipação do que o texto diz. Isso se dá quando, por exemplo:
– comunica aos alunos onde e como encontrou o texto;
– mostra a eles o portador do texto: se é um livro, mostra a capa na qual lê os dados (título, autor, editora); se é um jornal, faz referência à seção na qual o texto aparece, procurando-a diante deles; se é uma carta, diz como chegou às suas mãos e a quem está dirigida etc.;
– oferece informações complementares sobre o texto, o autor, o portador: se o que vai ler é um conto ou um poema, lê também partes do prólogo do livro ou conta dados biográficos do autor; se é uma notícia, faz referência a outras notícias parecidas; se é um texto de uma enciclopédia, pode investigar o que os alunos já sabem sobre o tema.
Enfim, para que o professor possa saber quais são as melhores formas de trazer a leitura para dentro de sua sala de aula como algo atraente e interessante, talvez o critério mais eficaz seja o seguinte: agir com seus alunos como gostaria que seus professores tivessem agido com eles próprios para ajudá-los a serem leitores interessados e dispostos a “enfrentar” qualquer tipo de texto.
[1] In: Referenciais para a Formação de Professores – MEC/1999. Texto adaptado a partir de idéias da pesquisadora argentina Délia Lerner.