Para aprender a ler e escrever é preciso compreender como a língua escrita é usada na sociedade, ao mesmo tempo em que se compreende o código escrito, ou seja, como as letras se organizam em palavras, frases e textos. Mas como? A partir de letras e sílabas, de fonemas, de palavras, frases ou textos? Essas são algumas das questões que vimos discutindo no curso de Alfabetização e Letramento de crianças bilíngues, no Sinpro-SP.
“A tradição pedagógica, qualquer que seja seu enfoque ou discurso, reduziu sempre a alfabetização ao mero aprendizado do sistema alfabético. Já na década de trinta, há mais de meio século portanto, Vygotsky questionava este empobrecimento ao dizer que “ensina-se as crianças a desenhar letras e a construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita”. Quatro décadas se passaram antes que a psicogênese da língua escrita nos permitisse desvendar o processo pelo qual as crianças chegam a dominar o funcionamento do sistema alfabético. Só então foi possível perceber que, centrados no detalhe, deixávamos de ensinar o fundamental: a língua que se esconde por trás das letras, aquela que se escreve.” (Telma Weisz em Por trás das letras)
“Se o objetivo é que o aluno aprenda a base alfabética e algumas convenções ortográficas, então as palavras soltas e as frases sem nexo podem continuar sendo usadas. Mas se o que se quer é que ele chegue a redigir textos, interpretar textos, aprender com os textos e até se divertir com eles, então é preciso redefinir o conteúdo da alfabetização.” (Telma Weisz em Por trás das letras)