Escola usa aula de espanhol para integrar bolivianos

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03 de Janeiro de 2010
A dura vida dura dos imigrantes. Atraídos pelas oportunidades oferecidas pela principal cidade da América Latina,  cerca de 100 mil bolivianos vivem hoje em São Paulo, clandestinamente, reforçando a mão-de-obra barata, segundo o Centro de Estudos Migratórios de São Paulo, ligado à Cúria Metropolitana. Em quase todos os casos, o roteiro é o mesmo: primeiro vem o pai, para abrir caminho, e, em pouco tempo, chegam mulher, filhos e parentes.

fonte: O Diário de São Paulo ( 3.1.2008 ) e Revista Tema (Universidade Anhembi-Morumbi)

Quando se fala dos vários povos que ajudaram a construir São Paulo e a fazer desta cidade a maior e mais rica da América Latina, é comum que sejam citadas, principalmente, as contribuições dos portugueses, italianos, japoneses, espanhóis e alemães. Entretanto, mesmo esquecidos pelas estatísticas dos institutos de pesquisa, os imigrantes latino-americanos chegam cada vez mais a São Paulo em busca de oportunidades de trabalho e condições mais dignas de vida. É o caso, por exemplo, dos bolivianos, que estão concentrados no bairro do Brás e Bom Retiro.

No entanto, poucas pessoas tem se preocupado com a questão social da integração deste grande número de pessoas que (sobre)vivem com baixos salários e cujas crianças sofrem pela falta de escolas  onde também se fala o espanhol, já que as mesmas aprendem esta língua nos seus lares e se comunicam com seus pais e outros conhecidos bolivianos.

Pensando nisto, a Testemunha de Jeová e moradora da zona norte da capital, onde leciona, a professora Sibelle dos Santos, de 26 anos, aproximou-se da comunidade boliviana ao oferecer estudos bíblicos semanais nas casas dos imigrantes da região.

Neste ano, para preencher a jornada, apresentou um projeto de aula de espanhol que ajudou a integrar crianças bolivianas e brasileiras na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria Helena Faria Lima, no Jardim Brasil, zona norte, um dos redutos da comunidade boliviana.

– Montei o projeto para todos e as crianças brasileiras começaram a perceber que os bolivianos já sabiam aquilo que eles estavam ainda aprendendo. A partir daí, passaram a dar valor ao colega – conta a professora, formada em Letras.

– Tinha aluno que rejeitava os bolivianos e a gente foi aprendendo a lidar com isso. O projeto ajudou na integração – garante.

Entre as 1.649 crianças estrangeiras matriculadas na rede municipal de ensino neste ano, 1.023 (ou 62%) são bolivianos, 343 deles estão na Coordenadoria de Educação Jaçanã-Tremembé, na zona norte. Em geral, os alunos são filhos de famílias que vieram ao Brasil para ganhar a vida em longas jornadas de confecções, à margem das leis trabalhistas. Parte da comunidade, estimada em 80 mil pessoas na capital, está ilegalmente no país. Até por isso interagem pouco, falam menos ainda e são desconfiados.

– O projeto os deixou visíveis para os demais. Isso fez bem para a auto-estima deles – diz a coordenadora-pedagógica da Emef, Regiane de Oliveira.

O projeto de espanhol foi direcionado a crianças de 1ª e 2ª séries da escola e, para o pequeno Yordy, de 9 anos, fez muita diferença. Ele chegou ao Brasil há um ano, vindo da casa da avó, em Santa Cruz de La Sierra.

– Gosto da escola – diz.

Há sete anos no Brasil, a mãe, Ada Pereira, de 29 anos, incentiva Yordy.

– Tenho dois filhos que nasceram aqui e não gostam de falar espanhol porque temem o preconceito, são insultados nas ruas – conta.

Neste ano, a Emef do Jardim Brasil matriculou 16 alunos da Bolívia, um deles se tornou integrante do grêmio estudantil.

Madrugada

Mesmo fora do horário de aula, os portões da Emef Maria Helena Faria Lima estão abertos à comunidade da Bolívia.

Jogar futebol na quadra da escola, de madrugada, só com a iluminação dos postes da rua virou a principal diversão do grupo liderado por José Luis Laura, de 25 anos; Santos Plata, de 30 anos; e Graciela Ticona, de 24 anos. A pelada, que não faz distinção entre homens e mulheres, ocorre toda sexta-feira e, invariavelmente, invade a madrugada do sábado.

– Ninguém molesta nesse horário. É melhor para evitar problema com os malandros – diz José Luis, o dono da bola.

A diretora da escola, Marisa Darezzo, de 51 anos, mantém há anos a rotina de abrir a escola aos finais de semana para a comunidade. E, nos últimos tempos, passou a trabalhar a inclusão dos bolivianos.

– Abrir a escola nesse horário para eles partiu de uma necessidade deles, um pedido. Até em noite de chuva eles aparecem, com a bola debaixo do braço, chamando pelo segurança para abrir o portão – relata.

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2 thoughts on “Escola usa aula de espanhol para integrar bolivianos

  1. Cintia says:

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    Muchas gracias,
    Cintia
    Informatica12@amautaspanish.com.br

    • Selma Moura says:

      Obrigada, Cintia, pelo comentário! Que bom que está gostando do blog!
      É ótimo saber sobre a escola de Espanhol na Argentina. Vou colocar um link sim.
      Um abraço,
      Selma Moura

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